As pessoas estão vivendo mais. Com isso, os cuidados com a saúde estão mudando, inclusive com a saúde bucal. No início do milênio, grande parte dos idosos eram desdentados. Esse cenário foi mudando como a implementação de políticas públicas de saúde e a melhora na qualidade de vida, que favoreceram a manutenção e a diminuição das perdas de dentes.
Em 2.060, um quarto (25,5%) da sociedade brasileira deverá ter mais de 65 anos, estima o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço da idade pode gerar alguns problemas na saúde da boca, como: ocorrência de doença periodontal, que afeta gengiva e ossos que suportam os dentes; cárie; sensibilidade; halitose; xerostomia (boca seca); além de lesões bucais em pessoas que utilizam próteses, devido à má adaptação.
As próteses dentárias, porém, acabam se tornando mais frequentes na vida dos idosos. Popularmente conhecida como dentadura, a prótese está longe de ser algo assustador e, na verdade, é a solução para aqueles que perderam seus dentes. Mas deve-se ter cuidado com a prótese, pois quando mal usada pode provocar dor, falta de retenção e colaborar com o aparecimento de microrganismo que podem provocar ardência e lesões na cavidade bucal.
A qualificação do profissional de Odontologia nas áreas de Gerontologia e Geriatria cresceu nas últimas décadas e também foi um importante fator para a melhora da qualidade de vida da saúde bucal do idoso.
A assessora técnica em saúde bucal da Coordenação Geral de Saúde Bucal do Ministério da Saúde (CGSB/MS), Ana Beatriz Paes, alerta sobre a higienização bucal. “A escovação diária após cada refeição principal e também antes de dormir é fundamental para um sorriso saudável. Deve-se escovar os dentes com escova de tamanho adequado, com cerdas macias e creme dental com flúor”, orienta.
Além disso, a técnica ressalta que a higiene deve ser complementada com o uso do fio dental entre todos os dentes. “Escovar a língua também é muito importante, para evitar o acúmulo alimentares e bactérias que provocam o mau hálito”, alerta Ana Beatriz.
Para quem usa próteses dentárias, como é o caso da aposentada Neuza Rodrigues, de 71 anos, a limpeza da peça deve ser feita fora da boca com escova protética macia. “Consulto com uma dentista no Posto de Saúde do Riacho Fundo II (cidade satélite do Distrito Federal) que me passou várias dicas. Como separar uma escova para higienizar a prótese, limpar com água e sabão neutro, além de utilizar pasta específica para prótese”, conta a aposentada.
Doença Periodontal
Quando falamos das doenças que atingem a boca e se agravam, de modo geral, com a idade, podemos citar duas delas: gengivite e periodontite. A primeira prejudica a gengiva, identificada pelo sangramento, que pode ocorrer de forma espontânea ou na higienização dos dentes. Já a segunda é o tipo mais grave, que chega a atingir o tecido de sustentação do dente na boca, que pode levar a mobilidade e até perda do dente, se não houver tratamento.
O acúmulo de placa bacteriana ao redor do dente é o principal fator das doenças periodontais. Diabetes e tabagismo também podem iniciar ou agravar essas doenças. A adoção de hábitos saudáveis de saúde bucal tem benefícios para a qualidade de vida.
Câncer de Boca
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que aproximadamente 40% das mortes por câncer poderia ser evitada. O que torna a prevenção uma parte fundamental dos planos de controle do câncer.
São chamados de câncer de boca os tumores malignos que acometem a boca e parte da garganta. Podendo se desenvolver nos lábios, língua, céu da boca, gengiva, amígdala e glândulas salivares.
O álcool e o fumo são os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer da boca. O consumo excessivo de álcool aumenta cerca de nove vezes o risco de câncer de boca, sendo que associado ao tabagismo este risco torna-se 35 vezes maior. Este risco é proporcional à quantidade e tempo de consumo álcool e tabaco.
Autoexame
É importante que a pessoa ao identificar algo diferente na boca, como mudança na aparência dos lábios e da parte interna da boca, caroços, feridas e inchações, procure profissionais de saúde nas Unidades Básicas de Saúde, como também dos Centros de Especialidade Odontológica.